Algumas jovens recorrem à pílula do dia seguinte mais vezes que o recomendável, sem ter a noção que não é um método anticoncepcional normal, mas sim um contraceptivo que deve ser tomado só em caso de emergência.
«A pílula do dia seguinte é um método anticoncepcional que interfere na ovulação, na fecundação e no revestimento interno do útero (endométrio), criando um ambiente impróprio para a implantação do óvulo fecundado, consoante a fase do ciclo em que é tomada», esclarece a Dr.ª Rosalina Ramos, médica de família do Centro de Saúde de S. João.
Esta pílula, que se encontra à venda nas farmácias desde o ano 2000, é composta por doses elevadas de progestagénio (levonorgestrel) isolado ou associado a estrogénio (etinilestradiol). De notar que os progestagénios isolados são mais eficientes e causam menos efeitos colaterais, como náuseas, do que a associação de hormonas.
A médica alerta, também, para o facto de, na maioria dos casos, entre três e oito dias após a toma, ser esperada uma perda de sangue.«A não ocorrência dessa perda, após três semanas, pode ser indício de gravidez», afirma a especialista, acrescentando:«A anticoncepção de emergência não tem qualquer tipo de efeito sobre uma gravidez já instalada.»
Quando deve ser utilizada?
A pílula do dia seguinte ou contracepção de emergência deve ser utilizada para prevenir a gravidez após uma relação sexual desprotegida ou mal protegida. Por exemplo, quando esta ocorre durante o período fértil, nos casos em que houve um esquecimento na toma da pílula anticoncepcional normal ou em caso de ruptura do preservativo.«O chamado sexo casual ou a ruptura acidental do preservativo estão entre as principais circunstâncias que justificam a sua aplicação, mas é usada também em situações de violação ou abuso sexual», explica Rosalina Ramos.
A pílula do dia seguinte deve ser tomada até 72 horas depois da relação não protegida.É também necessário que a mulher tenha consciência de que podem surgir efeitos secundários associados à toma deste contraceptivo. Os principais efeitos são cefaleias, náuseas e vómitos. Mas «também é comum haver irregularidade na próxima menstruação», refere a médica.
Recomenda-se, ainda, que mulheres com factores de risco tromboembólicos pessoais ou familiares evitem a ingestão deste tipo de produto, ainda que os riscos de complicações vasculares associados à pílula do dia seguinte estejam mal avaliados.A procura da pílula do dia seguinte tem vindo a aumentar significativamente desde que foi introduzida no mercado.
Hoje, as jovens recorrem muito a este tipo de pílula, «constituindo mesmo, por vezes, alguma irresponsabilidade na utilização de métodos mais seguros e uma facilitação nas relações ocasionais», refere a especialista.«No caso de utilização recorrente da pílula de emergência, as altas dosagens de hormonas podem causar retenção de líquidos, tensão alta, náuseas, tromboembolismo e desequilíbrio hormonal, constituindo uma grave agressão ao organismo», sustenta Rosalina Ramos.
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